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TV KILLED THE CINEMA STAR

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12 de Outubro, 2017

Inhumans: Não, Não é Tão Má Como Dizem - É Pior

Sara

Não se sabe, ao certo, quanto custou fazer «Inhumans», embora alguns rumores apontem para os 10 milhões por episódio. A ser verdade, estamos a falar de mais quatro milhões do que a média de «A Guerra dos Tronos» até 2014 e do mesmo custo por episódio da sexta temporada. É também o mesmo que «Friends» na sua exorbitante última temporada, ou tanto quanto «A Teoria do Big Bang», «Breaking Bad» e «Mad Men»... juntas! Só isto impressiona na nova série da Marvel.

 

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Depois das opiniões divergentes em «Punho de Ferro», da Netflix, e para que não restassem dúvidas relativamente às suas capacidades, o criador Scott Buck presenteia-nos com «Inhumans», a pior série da Marvel e uma das maiores hecatombes que a ficção conheceu nos últimos anos. Numa aposta inovadora, a ABC estreou a série nos cinemas IMAX, com um episódio duplo, e protagonizou um dos "roubos" mais descarados de sempre. As redes sociais inundaram-se de críticas e, ironicamente, quem acabou por beneficiar foram apostas como «The Gifted» e, eventualmente, as estreias da Marvel que se aproximam. A partir de agora, na hora de avaliar uma série do género, vamos colocar em perspetiva: é mau, sim, mas será tão mau quanto «Inhumans»? A série estreou oficialmente no canal TV Séries na passada sexta-feira, 6.

 

A nova série da Marvel é uma caricatura de si própria. As personagens são inconsequentes, os cenários são demasiado alegres (e acompanhados por péssimos efeitos visuais), os diálogos são aborrecidos e a realização, sufocada entre flashbacks inconsequentes e planos desequilibrados, é sofrível. Black Bolt (Anson Mount) leva o papel de galã de poucas falas à risca e não solta um "piu", já que o mínimo suspiro é capaz da maior destruição. Ironicamente, o silêncio também - destrói as escassas expetativas que ainda restavam. Por seu lado, Medusa (Serinda Swan) protagoniza aquela que é, provavelmente, a cena de luta mais surreal - pela negativa - da história recente da televisão. Sem se mexer, usa o seu cabelo para, qual anúncio da L'Oreal, nos deixar com uma inveja terrível daquele brilho e cor! Mas ela que partilhe o número do cabeleireiro dela com a irmã Crystal (Isabelle Cornish), que aquelas barras pretas nem na Lua se usam.

 

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Uma pessoa que, casualmente, se encontre a fazer zapping, arrisca-se a confundir «Inhumans» com  a série «Hawai: Força Especial». A ação também decorre, parcialmente, no Havai, neste caso em Oahu; e as cores garridas, com planos a sobrevoar a ilha, fazem lembrar um género bem diferente e, uma vez mais, contribuem para a descredibilização da narrativa. As reminiscências não se ficam por aqui, até porque uma das cenas com Gorgon (Eme Ikwuakor) parece diretamente retirada de «Marés Vivas», tal a dramatização do momento em que quase se afoga. Entre as ondas e a chegada heroica de um salvador inesperado, só faltou David Hasselhoff para terminar a pintura. Já o cão do tele-transporte, além da péssima conceção gráfica, evidencia as limitações de Isabelle Cornish... até a falar sozinha.

 

Nem Iwan Rheon safa. O ator consegue descolar-se, em mais um sinal da sua qualidade, do terrível Ramsay Bolton de «A Guerra dos Tronos», mas a separação só acontece a nível visual. Com muito fogo de artifício e pouca profundidade, Iwan interpreta novamente um descontente herdeiro "bastardo" - desta vez um humano num mundo de Inumanos - que não olha a meios para se sentar na cadeira do poder. O pobre irmão Black Bolt, que só muito raramente larga a mão de Medusa, lá sofre um golpe de Estado, de apoio popular, e, numa viagem supersónica, acaba numa rua movimentada de Oahu. Há, todavia, que dar o desconto ao cão tele-transportador que, mais habituado a outra gravidade, não acertou com as viagens espaciais e deixou as personagens centrais separadas e espalhadas pela ilha.

 

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Salvo raras exceções, o elenco é de fraquíssima qualidade e as interações entre as personagens são angustiantes. Cada linha de diálogo é atirada sem qualquer emoção, o que, a juntar às restantes fraquezas da nova série de Scott Buck, coloca mais uma vez as atenções na Marvel - mas não pelos melhores motivos. As apostas da Marvel surgem em catadupa e, no pequeno ecrã, parecem ter cada vez menos critério. Black Bolt é um protagonista que, sempre acompanhado por "amas" ou clichés mal conseguidos, não tem espaço numa televisão habitada - e observada - por gente grande. Além disso, toda a dinâmica que se constrói a partir da sede em Attilan é demasiado frágil e, segurada por pontas, parece pronta a desfazer-se a qualquer momento. Com tantos altos e baixos, somos transportados para desenlaces constantes que, em volte-faces previsíveis, voltam a colocar a ação em passo acelerado.

 

Em plena rentrée televisiva, com tanta oferta de séries novas - além das múltiplas maratonas possíveis -, «Inhumans» é de fugir. A intriga é banal e desenvolvida à mesma velocidade que Lockjaw, o tal cão tele-transportador, cruza o intervalo espacial. Sem qualquer profundidade, das personagens ao fio condutor que somos desafiados a acompanhar, a nova série da Marvel é o "8" do "80" em que se desenvolve o Marvel Cinematic Universe (MCU), que liga variadas histórias deste universo. Ao contrário de «Agents of S.H.I.E.L.D.», que tinha uma base bem mais sólida, não se adivinha uma reviravolta na recetividade a «Inhumans», que tem levado "porrada" de todos os lados. O lançamento em IMAX, aliás, destruiu o hype em torno da série e deitou-a por terra ainda antes da incursão no pequeno ecrã. O golpe de marketing inovador foi, na realidade, um tiro no pé.

 

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