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TV KILLED THE CINEMA STAR

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12 de Fevereiro, 2018

Here and Now: «Sete Palmos de Terra» Encontra «True Blood» (e é Tão Bom!)

Sara

A nova série do criador Alan Ball estreou esta madrugada na HBO – e no canal TVSéries em simultâneo. A METROPOLIS já assistiu aos primeiros episódios e prepara-o para o que aí vem.

 

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Uma das maiores desilusões dos espectadores de «True Blood», no ar entre 2008 e 2014, era 'matar' a ausência da série com os livros de Charlaine Harris, a base da história, e perceber a diferença brutal de qualidade entre ambos. Faltava-lhe a 'toque de Midas' de Alan Ball, o responsável pela adaptação televisiva, de regresso então à cadeira de criador após a icónica «Sete Palmos de Terra». O talento de Ball para desenvolver personagens, como atestado pelo seu Óscar por «Beleza Americana» (1999), desarma qualquer um: até nas narrativas mais surreais, como era a de «True Blood», sobressai o cuidado rigoroso com os seres que habitam a ficção.

 

«Here and Now», que põe fim a uma ausência de quatro anos como criador, não é exceção. A série, que estreou esta madrugada no TVSéries, reúne Holly Hunter, Tim Robbins e um elenco de atores jovens e bastante promissores. A narrativa forma-se em torno de uma família multirracial, composta pelo casal Audrey (Hunter) e Greg (Robbins), a filha biológica e adolescente Kristen (Sosie Bacon) e o trio de filhos adotados: Ashley (Jerrika Hinton, a Dra. Stephanie de «Anatomia de Grey»), da Somália, Duc (Raymond Lee), do Vietname, e Ramon (Daniel Zovatto), da Colômbia. Como se a pluralidade de culturas – e consequente encontro e desafio de estereótipos – não fosse suficiente, é adicionado ainda um novo drama relacionado com Ramon, que fica obcecado com os números "11:11" e, por isso, deixa a família em estado de alerta.

 

HereAndNow2.jpg

 

Ainda que seja uma comparação superficial, há muito em «Here and Now» que resulta da combinação das últimas duas séries criadas por Ball, «True Blood» e «Sete Palmos de Terra». Como se finalmente tivesse tido acesso a uma qualquer revelação mística, Ball combina o rigor da segunda com a vertente sobrenatural da primeira, sem, ainda assim, depender excessivamente de nenhuma delas. Mas, afinal, o que quer isto dizer? Que «Here and Now» está dentro da qualidade de escrita e desenvolvimento a que Ball nos tem vindo a habituar e, ao mesmo tempo, oferece-nos algo de novo. Com uma família tão alargada como é a de Audrey e Greg, é impressionante testemunhar a atenção profunda e equilibrada que Ball dá a todos eles. E ainda a personagens secundárias.

 

Para os mais céticos, que não gostam particularmente da componente mística de «Here and Now», há um drama familiar e social muito intenso, que extravasa os limites dos protagonistas. Para os adeptos de séries dentro do estilo de «True Blood», há um mistério transversal a todos os episódios, em crescimento recorrente, que vai atiçando a curiosidade em relação ao que está na origem de tudo. Como bem sabemos, agradar a Gregos e Troianos não é nada fácil, mas Alan Ball anda lá perto e, embora não fosse obrigado a esse esforço, quer agradar aos diferentes tipos de fãs que cativou ao longo de quase 20 anos.

 

Texto originalmente publicado na Metropolis.

 

 

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