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Androids & Demogorgons

TV KILLED THE CINEMA STAR

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05 de Setembro, 2018

Carter: Quem Tem um Jerry O'Connell Tem Tudo

Sara

Depois de uma breve aparição como irmão de Sheldon Cooper (Jim Parsons) em «A Teoria do Big Bang», Jerry O'Connell está de regresso à antena do AXN com honras de protagonista. A nova aposta do AXN estreia em simultâneo nos três canais (AXN Portugal, Black e White) esta quarta-feira, 5, às 22h30.

 

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O popular ator Jerry O'Connell, mais conhecido por séries como «Heróis Por Acaso» e «A Patologista», assume as rédeas de «Carter», uma série policial bastante divertida, lançada originalmente pelo canal canadiano Bravo. Trata-se da receita ideal para quem tem saudades de «Castle», «Apanha-me se Puderes» e «Psych - Agentes Especiais».

 

Sem querer ser levada demasiado a sério, «Carter» reúne um elenco humilde mas promissor, não escondendo a vertente de estrela de Jerry O’Connell, dentro e fora do pequeno ecrã. O nova-iorquino dá vida a Harley Carter, um ator famoso que, após um ato insensato, cai em desgraça e acaba por se afastar da confusão de Los Angeles. De regresso à terra natal, reencontra uma dupla de velhos amigos – a agente Sam (Sydney Tamiia Poitier) e Dave (Kristian Bruun) – e, aos 'tropeções', é contratado como consultor da Polícia. Destaque para Kristian, que ganha o estatuto de braço-direito depois de uma caminhada bem-sucedida em «Orphan Black», terminada há um ano.

 

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De argumento simples e com recurso a variados estereótipos das séries policiais (nomeadamente procedurals), «Carter» deixa-se inspirar pelo histórico do género e, ao mesmo tempo, dá-lhe um toque de anos 80. Entre a melancolia e a comédia própria dos programas televisivos que envolvem cidadãos na pele de detetives-consultores, a nova série do AXN Portugal aposta no lado de entretenimento sem, ainda assim, castigar o desenvolvimento da narrativa e das personagens. Os processos são mais diretos, é certo, mas isso também torna os episódios mais 'leves'.

 

Mas nem só de crime vive a série: há um consistente lado reality, com a exploração e caricatura da vida aparentemente glamorosa de Hollywood, e uma atenção cuidada às relações sociais entre culturas e contextos diferentes (os 'colegas de casa' de Carter são asiáticos, por exemplo). Todo este complemento contribui para levar a série a um novo patamar, tornando-a mais complexa no que diz respeito ao convívio entre personagens e, necessariamente, entre storylines. É uma série que não marca a diferença, mas que sabe abraçar os elementos já existentes de diversos sucessos televisivos (como se fossem seus).

 

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A multiplicidade de séries policiais castiga, inevitavelmente, cada nova estreia – seja por preconceito ou por cansaço do espectador. É inegável que o piloto de «Carter» vai lembrar os arranques de «Castle» e «Deception», que foi cancelada após uma temporada, com o protagonista a enganar o primeiro vilão e, consequentemente, a ser elevado ao estatuto de herói. Ainda assim, o carisma de Jerry O'Connell, numa personagem próxima do que costuma fazer, é o maior trunfo: o ator podia estar 40 minutos a tentar vender máquinas de café e, mesmo que acabássemos por não comprar, voltaríamos sempre para o ver outra vez. No caso das séries, pode ser o suficiente para sobreviver (o Bravo ainda não anunciou se avança ou não com uma segunda temporada).

 

Texto originalmente publicado na Metropolis.