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Androids & Demogorgons

TV KILLED THE CINEMA STAR

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29 de Outubro, 2019

Mrs. Fletcher: Pornografia, Nudez e Muita Irreverência (review)

Sara

Caso alguém vá parar por "engano" ao piloto de «Mrs. Fletcher», disponível a partir da madrugada de domingo para segunda – e com episódios lançados semanalmente –, a série faz por esclarecer logo ao que vem. Na primeira cena, Eve Fletcher (Kathryn Hahn) é chamada a intervir no lar onde trabalha, quando um dos idosos vê pornografia num dos computadores instalados na sala de estar. É um facto: «Mrs. Fletcher» tem muita pornografia – inclusivamente com alguns momentos explícitos –, sendo um elemento central na evolução de Eve após a saída do filho de casa.

 

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Dois anos depois do final de «The Leftovers», o criador Tom Perrotta regressa para falar novamente sobre a perda, ainda que desta vez recorra a um tema bem mais comum. O "ninho" vazio depois da saída do filho de Eve, Brendan (Jackson White). A mulher, divorciada há 10 anos, está demasiado dependente da rotina do adolescente, que assume uma postura indiferente e sempre ligado ao telemóvel, sem o menor esforço em ter um papel ativo na sua mudança para outra cidade. A dinâmica é incómoda, é certo, estando presente uma forte crítica social, mas não é exatamente essa a história que Perrotta quer contar.

 

Mãe e filho separam-se pela primeira vez desde o berço. Muitas histórias começam assim, mas poucas ousam ir tão longe como esta. Ambos têm maneiras próprias de lidar com o corte: o comportamento de Brendan, outrora um dos rapazes mais populares do secundário, revela bastante insegurança. Apesar da experiência sexual, é muito imaturo e está perdido em relação aos objetivos que tem para o futuro. Já Eve, que começa presa a uma fase mais amargurada, aproveita a solidão da casa para ver pornografia e explorar, muitas vezes "mimicando", algumas das cenas.

 

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Muito colada ainda à imagem de melhor amiga das protagonistas, veja-se a série «A Patologista» ou «Como Perder um Homem em 10 Dias» (2003), Kathryn Hahn tem vindo a romper com esse typecast em trabalhos recentes. Embora aqui mantenha a faceta desastrada que já conquistou o público, a verdade é que a sua Eve vem romper com todas as ideias preconcebias em relação à atriz e às mulheres próximas da meia-idade – ou aqui que socialmente é visto como correto. Não há dúvidas que as tramas mais "libertinas" deixaram de ser uma novidade, muito por responsabilidade da ousadia da HBO, mas «Mrs. Fletcher» procura trazer ingredientes novos e rompe com todas as barreiras do desconforto, ou os limites socialmente – e até criativamente – aceites.

 

A qualidade do argumento está lá, como Perrotta – que publicou a história como livro originalmente em 2017 – nos habituou. Não é tão-somente uma série sobre uma mulher que desperta novamente para a sua sexualidade, mas cria algo mais. Entre as decisões conscientes e instintivas, Eve é desafiada a confrontar um lado da sua personalidade que estava adormecido pela responsabilidade ser mãe e de colocar Brendan sempre em primeiro. Algo que o filho talvez não valorizasse o suficiente, também porque estava muito focado em agradar ao pai, Ted (Josh Hamilton), dedicado ao filho mais novo e autista, muitas vezes em detrimento de Brendan.

 

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«Mrs. Fletcher» vai certamente dar que falar nas próximas semanas, sobretudo ao fim de vários episódios. Provocadora, assertiva e despreocupada: a série tem os ingredientes todos para tirar o espectador da sua zona de conforto e desafiar a forma politicamente correta como se lida com ocasiões marcantes da vida adulta, como a saída de um filho de casa. Esta série marca também a última participação de Cameron Boyce, que faleceu durante as gravações/edição da trama.

 

 

Tive acesso antecipado, pela METROPOLIS, à temporada completa de «Mrs. Flecter», que estreou na HBO Portugal na passada segunda-feira.

 

21 de Outubro, 2019

Watchmen (HBO Portugal)

Sara

Uma das séries mais aguardadas de 2019 tem estreia marcada para a madrugada desta segunda-feira na HBO Portugal. Pela METROPOLIS, tive acesso aos seis primeiros episódios em primeira mão.

 

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A série «Watchmen» é, em si mesma, uma falácia criativa. Por um lado, é aconselhável ter o contexto do filme de 2009 para perceber todas as camadas da história, já que, caso contrário, a perceção do ambiente narrativo não é completa e algumas referências e easter eggs caem em saco roto. Mas é esse contexto que mais penaliza a receção da série, uma vez que a trama idealizada por Damon Lindelof (criador de séries como «Perdidos» e «The Leftovers) estará provavelmente aquém das expetativas dos fãs para o que seria o seguimento da história. Algo que, todavia, não põe em causa a quantidade e potencial da série da HBO, com estreia marcada para 20 de outubro e com um episódio lançado semanalmente.

 

A série resulta de um spin-off da história já conhecida dos Watchmen, que surgiu na banda-desenhada em 1986-1987 e se popularizou sobretudo com o filme «Watchmen» (2009). À data do seu “nascimento” em papel, os Estados Unidos encontravam-se no rescaldo de uma luta defendida por poucos e em plena Guerra Fria, com futuro incerto. A ansiedade social era muita e o medo, na iminência de uma guerra nuclear, marcava o quotidiano. Na sua recriação utópica, os EUA ganham a Guerra do Vietname graças a um dos Watchmen, o Dr. Manhattan – com o país a tornar-se mais um estado – e, em 1985, um evento cataclísmico e fabricado une toda a gente por medo, adiando a aparentemente inevitável Terceira Guerra Mundial. «Watchmen» segue estes acontecimentos e coloca a sua ação no presente, em Tulsa.

 

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Embora não reescreva totalmente a história americana, pega num dos acontecimentos mais polémicos de sempre: o massacre racial de Tulsa, em 1921, no qual extremistas brancos chacinaram os habitantes negros sem piedade. Este é, aliás, o ponto de partida da série, antes de se deslocar para o presente – e ao qual se vai inevitavelmente voltar. Os avanços tecnológicos e a fisionomia dos bairros são mudanças mais do que evidentes, mas o lado social parece ter ficado parado no tempo: o racismo continua bem marcado num clã local, que, ironicamente, usa máscaras de Rorschach. E nem um apoio recente de apoio às vítimas afro-americanas suaviza a crispação – quanto muito, aumenta-a.

 

Quem também esconde a cara, como os Watchmen 30 anos antes, é a polícia de Tulsa, na sequência de um ataque concertado aos agentes na “White Night”. Desta forma, protegem a sua identidade para garantirem maior segurança às suas famílias. Com nomes de código e fatos que lembram os Watchmen e os Minutemen (o grupo de justiceiros anterior, nos anos 40), os polícias são chamados à ação quando um clã racista volta ao ativo depois de uma interrupção breve. Em foco está Angela Abar (Regina King), uma detetive nascida no Vietname, que finge ter abandonado a autoridade, mas está mais implacável do que nunca. É também o braço-direito de Judd Crawford (Don Johnson), o responsável do Departamento.

 

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Esta breve sinopse resume ao que a série vem: o legado dos Watchmen não é ignorado, mas o seu lado social é ainda mais intenso, nomeadamente tendo em conta os casos de violência policial e do KKK contra afro-americanos. À exceção de um ou outro rasgo inspirado na realização, «Watchmen», a série, pouco tem a ver com o filme ligado ao seu passado.

 

A mais recente aposta da HBO podia funcionar perfeitamente sem qualquer conexão com os Watchmen ou os Minutemen – que, inclusivamente, são “caricaturados” numa série dentro da própria série, “American Hero Story” –, já que o seu foco é bem mais abrangente do que o original e as ligações “forçadas” poderiam ser substituídas por outras personagens. Em todo o caso, é um problema facilmente superável se as expetativas (e comparações com o filme/banda-desenhada) forem diminuídas. Um desafio que nem sempre é fácil de cumprir.

 

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As questões políticas e sociais que marcam a narrativa são complexas e bem suportadas pelas personagens que as assumem: as histórias são bem elaboradas, o contexto é construído com cuidado e o mistério constante deixa o espectador em suspense para saber o que acontece a seguir. Na linha deste detalhe, Damon Lindelof não tem problemas em dedicar dois episódios (5 e 6) à contextualização do que foi visto até ali, preparando o conflito épico que se avizinha. Temas como a manipulação das massas e a orquestração de lutas – para serem vividas por quem se quer eliminar – continuam a pautar a estética de Watchmen, que revisita o passado com frequência para se enquadrar no presente.

 

Regina King é uma atriz de outro nível – dúvidas houvesse, e lá ia ela à estante buscar o Óscar que venceu este ano por «Se Esta Rua Falasse» (2019), bem como um Globo de Ouro e três Primetime Emmys. Depois de brilhar numa série apagada («Seven Seconds»), Regina tem finalmente espaço para crescer protagonista inesperada desta história de ação. Mas o elenco de luxo não fica por aqui: Jeremy Irons e Jean Smart dispensam apresentações e assumem as storylines secundárias mais importantes, sendo ainda de destacar a presença de Frances Fisher, Tom Mison, Tim Blake Nelson, Louis Gossett Jr. e um dos atores do momento, Yahya Abdul-Mateen II («Nós» (2019), «Black Mirror» e «Aquaman» (2018)).

 

Avaliação final: Yay ou Nay? YAY

 

 

19 de Outubro, 2019

À Procura de Alaska (HBO Portugal)

Sara

«À Procura de Alaska» chega à HBO Portugal hoje, 19 de outubro. 

 

Quando é atirado para o "vazio", Miles Halter (Charlie Plummer) partilha com o espectador uma das suas fragilidades: apesar de ser obcecado com últimas frases de pessoas conhecidas antes de morrerem, é péssimo a idealizar a sua.

 

Porque, embora «À Procura de Alaska» se desenvolva a um ritmo fluído e fortemente apoiado pelo estilo literário, sobretudo ao nível do argumento adulto e longo, pouco habitual entre adolescentes, a vida não tem a criatividade de um livro. E este fosso entre uma história pensada ao pormenor de cada palavra com a iminência da deceção perante o risco presente da morte, molda as personagens e o que esperamos delas.

 

Mas nem só de tragédia vive a mais recente aposta da HBO.

 

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É caso para dizer, adaptando: quer não quer ser de nicho, não lhe vista a pele. Josh Schwartz (uma das mentes por detrás de «The O.C», «Chuck» e «Gossip Girl») e Stephanie Savage, os criadores por detrás desta adaptação do livro de John Green com mesmo nome, criam uma série à medida de quem leu a obra original, publicada em 2005, ao mesmo tempo que piscam o olho a quem tem devorado dramas juvenis como «Por Treze Razões» ou «Sex Education».

 

Miles Halter é o protagonista e narrador desta história. Numa escola nova, fora da sua zona de conforto e perante os desafios e experiências próprios da adolescência, tenta encontrar o seu "grande talvez". O épico prometido por um qualquer poeta francês às portas da morte, na dúvida do que vem depois do fim; as frases antes do último suspiro são, aliás, uma das relíquias que Miles mais gosta de partilhar. Será este "grande talvez" Alaska (Kristine Froseth), a jovem aventureira e misteriosa que integra o seu grupo de amigos?

 

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Numa linguagem adulta e "literária", os jovens do secundário têm, a espaços, conversas bastante elaboradas e pouco comuns na idade, algo que destoa do habitual argumento da televisão juvenil. Tal acontece num esforço por preservar o ambiente criado do livro original, muito introspetivo e assente em questões existenciais fortes, que marcam o rumo das personagens centrais.

 

Por entre os seus pensamentos ensurdecedores, encontra-se a descoberta do primeiro amor, dos que surgem entretanto, e de um futuro que está cada vez mais perto. Ou do passado que teima em não permitir que esse passo se dê com firmeza. Entre os momentos de sofrimento e de euforia, encontra-se a dúvida que, em maior ou menor escala, marca o crescimento de toda a gente.

 

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O final anuncia-se trágico desde o primeiro momento, ainda que com muitos pontos de interrogação. Além da forte componente narrativa, de ambientação muito próxima da literária, como já referido, «À Procura de Alaska» reúne os ingredientes-tipo que se esperam de uma série do género: romance, bullying, intriga e muita incompreensão. Desenhada para não desagradar aos fãs de Green, promete arrecadar também alguns adeptos entre os espetadores mais céticos. Já o elenco jovem tem qualidade, merecendo ainda destaque Timothy Simons («Veep») e Ron Cephas Jones («This is Us»).

 

 

In Metropolis

 

05 de Outubro, 2019

The Affair: O Princípio do Fim

Sara

A quinta e última temporada de «The Affair» tem estreia marcada para amanhã, domingo, às 21h15 no TV Séries. Artigo publicado na Metropolis.

 

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Depois de um final de temporada brutal, «The Affair» está de volta para fechar, de vez, as storylines ainda em aberto. Por um lado, encontramos Noah (Dominic West) e Helen (Maura Tierney) no rescaldo da morte de Vic (Omar Metwally); por outro, Anna Paquin (mais conhecida por ter interpretado Sookie em «True Blood» e Flora em «O Piano» (1993), que lhe valeu um Óscar) estreia-se na série como uma Joanie Lockhart adulta, ainda assombrada pela misteriosa morte da mãe.

 

As duas linhas temporais complementam-se de forma brilhante desde o início. A dor, embora se apresente de formas diferentes, está presente em todas as personagens.

 

Noah prepara-se para ter o seu livro adaptado a filme por Sasha Mann (Claes Bang), ao mesmo tempo que navega pelas suas relações com Janelle (Sanaa Lathan), Helen e os filhos. Sem perceber o seu lugar em qualquer um destes universos, Noah é agora ainda menos determinado do que antes. Depois de comandar os destinos à sua volta, revela-se desorientado e a falta de confiança vem à tona no discurso e linguagem corporal do protagonista. Na mesma linha, também Helen se mostra derrotada e, acima de tudo, revoltada por sair a perder novamente.

 

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Com as duas personagens no seu pior, surge Joanie (Anna Paquin), com uma carga bastante negativa. Embora faça parte de uma família aparentemente feliz, a personagem mostra-se desorientada e muito presa ao passado. Envolta em mistério, não tarda a revelar a causa da sua atitude: a mãe. Será ela a comandar a storyline da personagem, no futuro, o que a fará regressar ao local onde tudo aconteceu para perceber se a mãe realmente se suicidou ou se a história está mal contada. Como sabemos, trata-se da segunda opção.

 

Com dois dos protagonistas de fora, Cole (Joshua Jackson) e Alison (Ruth Wilson), a trama não se mostra mais enfraquecida. O argumento é pungente e constrói de forma sublime, como já nos habituou, a complexidade que compõe as relações amorosas e familiares. Bem como o seu lado mais negro.

 

 

05 de Outubro, 2019

Estreias da TV em Outubro 2019

Sara

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1 de outubro

Testemunha Silenciosa, FOX Crime, 21ª temporada

 

2 de outubro

Anatomia de Grey, FOX Life, 16ª temporada 

FBI, FOX

 

3 de outubro

Catarina, a Grande, HBO Portugal

 

4 de outubro

Big Mouth, Netflix, 3ª temporada

Peaky Blinders, Netflix, 5ª temporada

Raising Dion, Netflix

 

6 de outubro

The Affair, TV Séries, 5ª temporada

 

7 de outubro

Capitaine Marleau, AMC

Marlon, FOX Comedy

Station 19, FOX Life, 2ª temporada

The Walking Dead, FOX, 10ª temporada

 

8 de outubro

All American, HBO Portugal, 2ª temporada

Batwoman, HBO Portugal

Death in Paradise, FOX Crime, 8ª temporada

The Twilight Zone, Syfy

 

9 de outubro

Testemunha Silenciosa, FOX Crime, 22ª temporada

The Rookie, AXN, 2ª temporada

 

10 de outubro

Riverdale, Netflix, 4ª temporada

 

11 de outubro

Amor Ocasional, Netflix, 2ª temporada

Insatiable, Netflix, 2ª temporada

Legacies, HBO Portugal, 2ª temporada

 

12 de outubro

Charmed, HBO Portugal, 2ª temporada

 

14 de outubro

A Vida Secreta dos Casais, HBO Portugal 2ª temporada

American Horror Story: 1984, FOX, 9ª temporada

 

15 de outubro

Black Money Love, Netflix

For The People, FOX Life, 2ª temporada

 

18 de outubro

Baby, Netflix, 2ª temporada

La Casa de las Flores, Netflix, 2ª temporada

Living with Yourself, Netflix

 

19 de outubro

À Procura de Alaska, HBO

 

21 de outubro

Madam Secretary, TV Séries, 6ª temporada

Watchmen, HBO

 

22 de outubro

Grantchester, FOX Crime, 4ª temporada

 

23 de outubro

Sobrenatural, AXN White, 14ª temporada

 

24 de outubro

Daybreak, Netflix

The Good Doctor, AXN, 3ª temporada

 

25 de outubro

BoJack Horseman, Netflix, 6ª temporada

Mr. Robot, TV Séries, 4ª temporada

O Método Kominsky, Netflix, 2ª temporada

Prank Encounters, Netflix

 

28 de outubro

Mrs. Fletcher, HBO Portugal

Silicon Valley, HBO Portugal, 6ª temporada

 

31 de outubro

Preacher, AMC, 4ª temporada