Primeiras Impressões Sobre «Silicon Valley» e «Barry»
Se achava que era desta que ia deixar de ver séries até às tantas, o TVSéries oferece-lhe duas estreias imperdíveis que lhe vão estragar os planos: «Barry» e a quinta temporada de «Silicon Valley». A METROPOLIS já viu e prepara-o para o que aí vem.
A parceria do TVSéries com a HBO voltou a dar frutos e, esta madrugada, poderá assistir à estreia mundial de duas das principais apostas do canal no género de comédia, primeiro com o regresso muito aguardado de «Silicon Valley», às 2 da manhã, e meia hora depois com a estreia absoluta de «Barry». Vai ser uma hora seguida a rir até às lágrimas, com a quinta temporada de «Silicon Valley» a superar a ausência do inigualável Erlich Bachman (T.J. Miller) e «Barry» a apresentar uma das premissas mais surreais da presente temporada televisiva.
Depois do desprezível Gavin Belson (Matt Ross) abandonar Erlich à sua sorte, após um período no Tibete que não parece ter alterado em nada a sua sede de poder, «Silicon Valley» procura uma nova identidade, independente da sua personagem mais emblemática. É certo que a opção de saída foi de T.J. Miller, mas a série deixa claramente a porta aberta para o seu regresso, ainda que se recuse a parar (e ainda bem). Richard Hendricks (Thomas Middleditch), Bertram Gilfoyle (Martin Starr), Dinesh Chugtai (Kumail Nanjiani) e Jared (Zach Woods) nem sabem como escaparam à ruína no final da quarta temporada, mas voltam em força e prontos a conquistar, uma vez mais, Silicon Valley – novamente com a concorrência feroz de Gavin Belson.
Com os servidores da Hooli em luta cerrada com a Internet descentralizada de Richard e companhia, para a qual o próprio Gavin cedeu a patente, há muitas contas a ajustar no pequeno ecrã: com linguagem bem geek a acompanhar. Para ajudar à confusão, o terrível Pelant de «Ossos», Andrew Leeds, regressa para nos atormentar novamente, mas com muita piada à mistura. Não há certezas relativamente a onde vai parar a série criada por John Altschuler, Mike Judge e Dave Krinsky, mas o argumento persuade-nos a ficar para descobrir. Após fintar a tragédia quando nada o fazia prever, Richard promete ter tomado o gosto por quebrar as regras – inovando perante a ausência de Erlich, que testava tantas vezes os seus limites. Destaque ainda para Jian Yang (Jimmy O. Yang), numa storyline simples mas irresistível.
Em estreia absoluta, chega «Barry», cocriada e protagonizada pelo talentoso Bill Hader. Com uma história escrita a quatro mãos com Alec Berg, produtor executivo de séries como «Seinfeld», «Calma, Larry» e «Silicon Valley», o ator lança uma premissa arrasadora, que combina «Dexter» com «La La Land: A Melodia do Amor» (2016) (e outras tantas histórias sobre encontrar o sonho de ser ator e o amor). A mistura parece estranha, é certo, mas a verdade é que resulta: Barry (Hader) é um assassino contratado em depressão, que parece aborrecido com a vida quotidiana que leva, e a cumpre de forma quase maquinal. Para agitar um pouco as águas, o seu mentor, Fuches (Stephen Root) – cuja presença, como aprendemos recentemente, deve ser sinal para «Foge» (2017) – envia-o para Los Angeles, onde deve matar o amante da mulher de um mafioso.
No entanto, quando conhece o seu alvo, interpretado por Garrett Hedlund, Barry encontra também algo inesperado: a sua paixão pelo teatro. Embora o professor Cousineau (Henry Winkler) não tenha o feitio mais fácil, a verdade é que a sua reputação é mais do que suficiente para juntar um promissor grupo de pessoas que querem vingar em Los Angeles. Sem ninguém suspeitar que Barry é, na verdade, um assassino em série, o ator vai tentando conciliar agendas e vingar na terra dos sonhos. Esta é a aposta mais ousada de Bill Hader, mais conhecido pelos seus trabalhos de dobragem e, claro está, pela sua passagem por «Saturday Night Live». Uma das sinopses mais sem nexo dos últimos tempos e, também por isso, uma das mais imperdíveis.
Texto originalmente publicado na Metropolis.