Eram os anos 90, poucos de nós se lembram bem do que aconteceu no caso de O.J. Simpson, "The Juice". Mas, ao longo destas décadas, ouvimos inúmeras vezes a expressão "He did it".
A primeira temporada de American Crime Story é bem melhor do que seria de esperar. Ou eu esperava muito pouco. Apenas um "heads up" – não leiam sobre o caso antes de ver. Esperem até ao final. É que não está aqui em causa se é culpado ou não ('cause "He totally did it"), mas todo o processo desde os assassinatos até à sentença.
O elenco é de luxo e, sim, aparece o Robert Kardashian, encarnado por David Schwimmer, que lá se vai safando num registo dramático, uma Selma Blair como Kris Jenner, e as pequenas Kim, Khloé, Kourtney e o fofinho Rob. Muito antes da famosa sex tape. Temos uma cena adorável em que Rob Kardashian fala com as filhas sobre o perigo da fama. Haha!
Ao lado de Robert Kardashian, temos uma dream team legal: Travolta como Shapiro (estranho) e Courtney B. Vance perfeito como Cochran. Do lado oposto, a representar "The People", Sarah Paulson e Sterling K. Brown como Marcia Clark e Christopher Darden, respectivamente.
Tenham em consideração que este caso surgiu no rescaldo de Rodney King. A polícia americana estava debaixo de um grande escrutínio. E não se esqueçam, também, que O.J. fazia parte da realeza intocável de Hollywood. À medida que os episódios se sucedem, vemos o conflito entre O.J. ser negro e ser uma celebridade. "I'm not black. I’m O.J. Simpsom" e "He's got the cops chasing him. He's black now".
Sendo a primeira temporada tão boa, resta-nos esperar que siga o mesmo caminho em Versace. Com apenas o piloto para termo de comparação, já vimos que o factor qualidade está lá. O elenco também. Resta rezar para que não saia muito dos trilhos. Também não li sobre Versace antes de ver. Tenho uma vaga memória da notícia surgir em revistas. Naquele tempo, não havia cá redes sociais para escrutinar tudo até ao último detalhe. Gianni Versace foi assassinado em frente à sua casa em Miami e agora o estado do tempo para amanhã. Recordo-me da notícia assim, tenho a certeza que foi assim.
Darren Criss está perfeito no papel do assassino. Ajudam as semelhanças físicas do actor com Cunanan. Mais uma vez, destaco a qualidade do elenco. Com a excepção de Penélope Cruz, que se assemelha um pouco ao John Travolta como Shapiro na primeira temporada, são mais bonecos que personagens. Claro que as pessoas que estão a representar não eram propriamente simples e discretas na época... Mas deixem que vos diga. Apenas com o piloto… Donatella’s gonna be pissed!
PS: É normal gritar “Canta o 123 Maria” quando o Ricky Martin aparece no ecrã. É ok. A sério.
«Mosaic», a série realizada por Soderbergh e estrelada por Sharon Stone, estreia no TVSéries esta madrugada, à 1h. A METROPOLIS teve acesso em primeira mão à nova aposta da HBO e diz-lhe o que pode esperar.
"A utopia está lá no horizonte. Aproximo-me dois passos, ela afasta-se dois passos. (…) Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar", escreveu o uruguaio Eduardo Galeano. O seu motto sintetiza parte da ambição narrativa de «Mosaic», a nova aposta do TVSéries, que obriga as suas personagens a movimentarem-se sempre para algum lado, em busca de algo nem sempre percetível. Esta não é uma série sobre um crime, é um thriller sufocante que inclui e 'rodeia' um crime, mas que vai muito para além dele. E que nos força também, enquanto espectadores, a acompanhar esta viagem. No final, percebemos que tudo não passou de uma distração (e das boas!).
Todos os envolvidos deixam parte de si na 'tela', a fim de construir este "Mosaico", onde as cores e as formas vão encaixando episódio após episódio, até surgir uma imagem nítida. Com uma realização cinematográfica, e dentro do estilo sombrio a que Steven Soderbergh nos habituou, a minissérie marca ainda o regresso do argumentista Ed Solomon («MIB – Homens de Negro», «Os Anjos de Charlie», «Mestres da Ilusão») à televisão, onde já não parava desde 1992. Sharon Stone surge em força e dá ao ar da sua graça com uma personagem que acaba por ser uma caricatura de si própria: uma mulher perto dos 60 anos, bem-sucedida, mas sem estabilidade (pública) na vida pessoal. (Ironicamente, foi noticiado há dias que a atriz teria um relacionamento com um jovem desconhecido…)
Quanto à história, Olivia Lake (Sharon Stone) é uma autora apostada em causas humanitárias, nomeadamente no apoio a crianças por via da arte. Mas quando caminha nas sombras, quase impercetível, é uma figura solitária que procura ser correspondida. Como tal, é vulgar interessar-se e desinteressar-se pelos homens que passam na sua vida, indo facilmente do 8 ao 80, mas também do 80 para o 8. A intensidade que emprega à sua vida social é acompanhada por diálogos bem estruturados, consolidação de personalidades e, sobretudo, por ações/reações (até silenciosas) fitadas pela câmara. Como um "Mosaico", os acontecimentos vão-se sucedendo e, com isso, também os problemas: Michael O'Connor (James Ransone) quer comprar o terreno onde Olivia está, o artista em dificuldades Joel Hurley (Garrett Hedlund) não corresponde ao interesse e Eric Neill (Frederick Weller) é uma fraude. A narrativa aproxima-se do seu auge logo no segundo episódio, quando Olivia desaparece (provavelmente assassinada). Quem foi o/a responsável?
A banda sonora é o ingrediente extra que liga tudo o resto, num constante ambiente de tensão e mistério, habitado pelas personagens que, tendencialmente, até exageram as suas reações. É uma montagem quase teatral, onde a câmara viaja, sem pudor, nas costas das personagens, ou com perspetivas que contrariam o estilo dito padrão. No entanto, é incontestável que o ingrediente-chave deste enredo é Soderbergh e a sua lente, pelo que é uma série que dá resposta a um nicho e não necessariamente ao público em geral. Sobretudo pelo desaparecimento progressivo do mistério, que passa várias vezes para segundo plano, permitindo assim o crescimento das personagens. Quem está à procura de uma série quase policial, pura e dura, vai ter, provavelmente, as suas expetativas goradas. A verdade é que «Mosaic» tem todos os ingredientes de uma série do género, mas raramente recorre a eles sem um objetivo próprio.
Assim como a utopia para a qual se caminha na batalha da (auto)concretização, também a narrativa de «Mosaic» explora os contornos dúbios da vitória sobre a solidão. É um diálogo humano de Soderbergh e Solomon com o seu público, feito numa sucessão de imagens escuras, tons agudos e frases capazes de nos derrotarem. No fundo, é uma análise diferente ao modo como as nossas escolhas, e depois as nossas ações, têm sérias implicações no futuro e ganham, assim, a capacidade de construir ou destruir o "Mosaico" que é a vida. Destaque ainda para o elenco de luxo, que conta com nomes como Jennifer Ferrin, Beau Bridges, Paul Reubens, Allison Tolman e Michael Cerveris. No entanto, a estrela é sem dúvida Sharon Stone, poderosa e segura de si, que é capaz de 'roubar' todas as cenas em que entra.
«Mosaic» surpreende ainda com a aposta numa aplicação, disponível para IOS e Android, que permite ao espectador escolher o seu caminho ao longo da história. Além disso, também é possível optar por perspetivas diferentes, das diversas personagens, e detetar novas pistas, a fim de criar a própria versão do mistério.
Olá, chamo-me Diogo e sou Whovian. Para quem não sabe o que acabei de dizer, permitam-me que vos leve numa viagem pelo espaço e pelo tempo ou, como quem diz, deixem-me falar-vos sobre a melhor série (ou pelo menos a mais antiga ainda no activo) de todos os tempos. Estou a falar, claro está, de Doctor Who. Com uma estreia que remonta tão longe quanto a 1963, Doctor Who começou por ser uma série didática, destinada a ensinar as crianças a História do nosso planeta, através de um alien mal-humorado que viajava pelo espaço e tempo numa cabine telefónica. Felizmente para todos os que assistem à série, tornou-se muito mais do que isso.
É uma tarefa ingrata tentar descrever aquilo que Doctor Who representa, não só para mim, mas para milhões de pessoas pelo Mundo inteiro. Explicando os básicos em primeiro lugar: O Doctor é um alien originário do planeta Gallifrey, um Time Lord, uma espécie pioneira no desenvolvimento da tecnologia de viajar no tempo, sendo que também são uma espécie que são sensíveis às linhas temporais, mas isso já são demasiados pormenores. A outra característica importante dos Time Lords e do nosso Doctor é a sua capacidade regenerativa, a capacidade de mudarem todas as células do seu corpo quando estão próximos da morte e tornarem-se pessoas totalmente diferentes, com personalidades diferentes, mas com as memórias intactas.
É este um dos grandes motivos pelos quais Doctor Who segue firme e hirto passados mais de 50 anos, a capacidade de ter o personagem principal desempenhado por vários actores (e agora actrizes também) sem se perder a essência da série, algo que é impensável em todas as outras. Então, perguntam vocês, o que é que este alien faz mesmo? Posto de maneira simples, não faz mais do que andar por todo o tempo e espaço, com os seus companheiros que vai tendo ao longo do tempo, sendo que a sua actividade favorita é salvar a Terra da sua destruição iminente. É um tipo bastante simpático, se pensarmos bem nisso, ninguém lhe pede para salvar o nosso aglomerado de idiotas.
Por estar constantemente a salvar o nosso planeta e não só, também os vilões fazem de Doctor Who uma série fora do normal. Alguém tão velho (mais de 2000 anos de idade) foi ganhando inimigos para dar e vender, sendo que uns são mais icónicos que outros. Os sempre presentes Daleks, uma espécie de saleiros com um desentupidor de canos e uma espécie de vara de bater claras, são o inimigo mais clássico do Doctor e presença garantida em todas as temporadas. O Master (ou Missy) é o seu arqui-inimigo/melhor amigo, outro Time Lord que decidiu ser não tão amigável quanto o nosso protagonista, temos os Cybermen com a sua mania em fazer uma extreme makeover a todos os humanos, temos Silurianos, Oods, Sontarans, Ice Warriors, Weeping Angels e tantos outros com nomes ainda mais engraçados.
Apesar de estar no ar desde 1963, a série já experimentou um período de hiatos enorme, desde 1989 a 2005, com um filme pelo meio. Com o reboot lançado por Russell T. Davies e Christopher Eccleston a ser a 9ª encarnação do Doctor, a série entrou numa nova era, com um início tremido mas que se tornou outra vez uma das, se não a série mais bem-sucedida do Reino Unido da actualidade. Esse sucesso todo foi ainda mais catapultado por Steven Moffat, agora de saída, o showrunner que elevou Doctor Who a um nível nunca antes visto. Histórias mais complexas e adultas, sem nunca perder a essência da série. Claro que uma das características dele é escrever argumentos com alguns plot-holes, mas de maneira alguma isso diminuiu a qualidade dos episódios.
Passados 50 anos, Doctor Who não pára de se reinventar nem de estabelecer novos paradigmas. Um papel que foi sempre feito por actores ganha agora, na pele de Jodie Whittaker, a sua primeira reencarnação feminina. Foi preciso chegarmos às 14 para finalmente termos o nosso Time Lord a ser transformado numa Time Lady, algo que me deixa à espera da nova temporada (a 11ª) com uma antecipação extra àquela que sempre sinto quando recomeça a minha série favorita.
Espero que tenha suscitado a vossa curiosidade em experimentar esta série magnífica e garanto-vos que mal comecem, vão-se perder nas aventuras do Doctor juntamente com a Rose, a Clara, o Rory e a Amy, a River, entre tantos outros que se deixam levar pelas suas excentricidades assim como qualquer um de nós se deixaria e num instante vão conseguir pronunciar Raxacoricofallapatorius sem torcerem a língua.
Para Ryan Murphy, as comparações com Shonda Rhimes estão ao nível daquelas que sofreu Dominique Wilkins, ao ser contemporâneo de Michael Jordan e Larry Bird na NBA. Mesmo sendo um ás dos afundanços, Wilkins não conseguiu superar os dois 'monstros' do basquetebol em campo. Já Ryan Murphy continua a reforçar a sua presença na indústria de TV, mas Shonda Rhimes ainda está à frente. Agora, com «9-1-1», infiltra-se no mundo onde ela foi coroada rainha: os dramas médicos.
Acabado o episódio piloto de «9-1-1», senti-me amplamente dividida enquanto espectadora: a quantidade absurda de acontecimentos e revelações importantes fez-me crer que tinha acabado de ver uma temporada inteira, mas o facto de as personagens serem apresentadas apenas à superfície contrariava esta primeira impressão. Assim como acontece com a narrativa, o perfil das personagens é construído com base no choque e num corrupio de emoções que, apresentadas de forma sucessiva e sempre com o ritmo nos píncaros, mal deixam a narrativa respirar. No entanto, este é um dos formatos narrativos usados para agarrar o público que, insaciável, não aguenta enquanto não souber o que vem a seguir. Não é o meu caso.
Vamos fazer um teste. Caso tenham amigos seriólicos que ainda não viram «9-1-1», e pouco ou nada sabem sobre a sua origem, desafiem-nos a ver o primeiro episódio e, no final, perguntem-lhes quem acham que criou a série. Não estranhem se a resposta for Shonda Rhimes. Embora Ryan Murphy tenha assumido a rédeas da criação de séries televisivas seis anos antes de Shonda, em 1999, a verdade é que ela conseguiu em pouco tempo, cerca de dois anos, aquilo que ele demorou mais de uma década a definir: um legado na TV. Mais do que isso, Shonda estabeleceu um estilo narrativo que, não sendo inédito, ficou colado à sua imagem. Marcado pela aposta firme e permanente no choque inescapável e no drama em ebulição, o esquema de séries como «Anatomia de Grey», «Scandal» ou «Como Defender um Assassino» marcou uma era e colocou Shonda Rhimes no topo dos produtores executivos. (E não é por acaso que alguns a chamam 'Shondanás'.)
Esta parece a "História de um Menino que Estava a uma Série Médica de Ser Shonda Rhimes" (se considerarmos que «Nip/Tuck» era mais específica), mas Ryan Murphy tem um currículo vasto e com valor próprio. Foi assumindo a criação de uma série de cada vez e só com «American Horror Story», lançada numa altura em que «Glee» ainda durava, inverteu esta tendência. Atualmente, tem um império que impõe respeito, com quatro séries em andamento: «9-1-1», «American Horror Story», «American Crime Story» (Versace estreia na FOX Life dia 25) e «Feud», com «Pose» prestes a ser lançada. Além disso, tem mantido na sua 'cartilha' um leque invejável de grandes atores, como Jessica Lange, Evan Peters, Sarah Paulson, Angela Bassett e Kathy Bates, colaborando ainda ocasionalmente com nomes como Penélope Cruz, Susan Sarandon, Catherine Zeta-Jones ou Cuba Gooding Jr. «9-1-1» é uma combinação destas duas facetas.
Ryan Murphy dá a Angela Bassett o protagonismo que ela já tinha mostrado merecer após 47 episódios de «American Horror Story», e, por outro lado, vai buscar Peter Krause («Sete Palmos de Terra», «Parenthood») e Connie Britton («Friday Night Lights», «Nashville»). Os três encabeçam as áreas de atuação de «9-1-1», a polícia, os bombeiros e os recetores das chamadas de emergência, e humanizam também a trama fortemente apoiada na rotina e na tragédia que pauta o dia a dia destes profissionais. Tal como em «Anatomia de Grey», a vida profissional destes socorristas parece bem mais 'animada' do que a de qualquer comum mortal. E, para tornar estas comparações ainda mais inevitáveis, «9-1-1» tem uma narradora, neste caso Abbie (Connie Britton), que vai envolvendo cada vez mais o espectador no ambiente ficcional.
É fácil empatizar com «9-1-1», nomeadamente a partir de Abbie que, embora faça parte da ação, acaba sempre à margem desta mal os serviços de emergência chegam. As personagens são conhecidas pelos seus problemas, pelo que a aproximação e a humanização delas é executada pela dor. Esta tendência extravasa tudo o resto, levando a um crescente desequilíbrio da narrativa que, ainda assim, faz aumentar a tensão e a expetativa do que se segue. Da mesma forma, o elenco principal é caraterizado de forma estereotipada - o que não é obrigatoriamente negativo -, o que se concretiza na sua representação de uma profissão (e do que lá se encontra) ao invés de uma complexa individualidade. Até certo ponto, aliás, pode considerar-se que a colagem à profissão e ao drama sempre iminente impossibilita a existência - e consequente crescimento - da personagem por si só.
Apesar de tudo, não se pode castigar «9-1-1» por não ser um documentário: a série não quer sê-lo. É, em vez disso, uma hora de entretenimento semanal que revela e desmistifica profissões que falam a mesma 'língua' em todo o mundo, já que os serviços de emergência são uma necessidade em todos os países. Ao dar rostos e personalidades/vícios aos envolvidos, simplifica e torna mais interessante, em certa medida, a relação do espectador com esse universo. Como tal, é uma série televisiva que responde a um nicho alargado que, a julgar pela invasão de dramas médicos anualmente, continua a render adeptos e a valer êxitos. Para já, «9-1-1» conseguiu mais do que muitas séries médicas dos últimos anos: uma segunda temporada.
Ora, olá a todos! O meu nome é Juliana Melo e aluguei o blog por um bocadinho. Estou aqui para desmistificar algumas coisas sobre a série Teen Wolf. Espero que estejam preparados!
Sempre que dizia a alguém que via Teen Wolf com a minha idade recebia um olhar de "Mas não és demasiado velha para ver séries de adolescentes?", como se houvesse idade para ver séries do que quer que seja. Aliás, quem faz esse tipo de comentários sobre Teen Wolf é porque realmente nunca viu a série. Tudo bem, na primeira temporada eu posso admitir que existem mais dramas adolescentes, mas a série chega a um ponto que não há grande espaço para esse tipo de coisas, porque se torna sombria e dá mais valor aos monstros e criaturas míticas do que aos próprios dramas adolescentes.
Para quem nunca ouviu falar da série, eu faço um pequeno resumo do que se trata. A série acompanha Scott, um adolescente asmático anti-social que se torna lobisomem por estar no lugar errado à hora errada. E a partir daí é acompanhado o drama de um adolescente que passa por essas mudanças, além das típicas da idade. Porque realmente não chegava estar na adolescência, tinha que se estar como lobisomem. Não está fácil, não! Basicamente esta é a premissa da primeira temporada. À medida que a série vai avançando, vão sendo apresentadas novas personagens do fantástico que lhe vão dando mais estrutura. Cheguei ao ponto de ter a luminosidade do computador no máximo, de andar a mexer o ecrã para tentar ver alguma coisa, porque a série nas últimas temporadas torna-se tão sombria e escura que quase não se consegue ver nada. Claro que, quem pensa que é uma série de adolescentes felizes e contentes nunca na vida julga que vai ter esse desenrolar.
O que Teen Wolf tem de diferente de muitas séries é que, possivelmente, a maioria das pessoas não tem como personagem favorito o Scott. A meu ver o Scott é uma personagem bastante incompleta que personifica um herói, mas que não tem nada de especial (é a minha opinião, sorry not sorry!). Stiles, por outro lado, é uma personagem muito completa. Praticamente o único personagem que se manteve humano durante toda a série é o personagem que lhe dá mais vida. Personagem cómico e desengonçado, que acaba por nos fazer rir mesmo nos momentos mais tensos da série. Além disso, é quem resolve todos os problemas. A mente do grupo, com certeza! A segunda parte da última temporada de Teen Wolf foi das mais fracas por não ter a presença constante de Stiles.
Quem me conhece sabe que sou uma romântica por natureza e que na maior parte das séries consigo arranjar casais e Teen Wolf não poderia ser excepção. Stiles Stilinski e Lydia Martin (a minha personagem favorita da série, aliás) no início da série são, com certeza, os personagens mais improváveis de virarem casal, a não ser pelo facto dele ter uma valente crush por ela. Contudo, com o desenrolar da série, para mim, tornam-se ambos dos melhores personagens e, juntos, tornam-se uma equipa muito boa que só se tornaria melhor se eles se tornassem um casal de verdade. Para não estragar a série para quem ainda pode um dia vir a ver, não vou dar mais pormenores, mas esperem cenas muito divertidas entre estes dois e, quer shipem como casal, quer não, eles são uma dupla fantástica, isso ninguém pode negar!
A série é tão mais do que um bando de adolescentes com os seus dramas. Não confundam com 90210 ou The O.C. que, apesar de eu achar que são séries boas, são sim, claramente, dramas adolescentes. Aqui recebemos um cheirinho de drama adolescente, mas são tantos outros factores que definem a série que a parte Teen acaba por ficar de lado. Portanto, se vão julgar a série porque tem Teen no nome, não o façam por favor!
«Divorce» tem novo episódio na madrugada de 14 para 15 de janeiro, às 3 horas, no canal TVSéries. Com Jenny Bicks, que já tinha trabalhado com Sarah Jessica Parker em «Sexo e a Cidade», como showrunner, a série da HBO apresenta-se de cara lavada e mais otimista.
A vida em «Divorce» continua a não ser só «Sexo e a Cidade», o nome da série que fez a carreira de Sarah Jessica Parker, mas é também muito isso. Com uma linguagem crua e direta ao assunto, a série da HBO volta a colocar os pontos nos i’s no que diz respeito aos dramas familiares, à comédia (inevitável e trágica) e até ao sexo. Em contrapartida, a segunda temporada de «Divorce» apresenta uma realidade um pouco mais leve, ainda que o conflito se mantenha como o combustível desta viagem comandada por Frances (Sarah Jessica Parker) e Robert (Thomas Haden Church) – agora sem bigode, mas nem assim se livra das comparações ao ator Tom Selleck.
Com a aproximação do regresso, parte da curiosidade residia em perceber como a entrada de Jenny Bicks, diretamente para os cargos de produtora executiva e showrunner, ia afetar o ambiente da série, marcadamente pesado na primeira temporada. Jenny Bicks é uma velha conhecida da protagonista Sarah Jessica Parker, uma vez que ocupou diferentes cargos de produção em «Sexo e a Cidade», e não se cruzava com a atriz desde a finale de 2004. Como seria de esperar, a showrunner opta por um tom mais leve e cómico, mas sem desvirtuar toda a dimensão humana que assombra um divórcio e sem medo de tocar mesmo as feridas mais profundas.
Depois dos avanços e recuos na primeira temporada, Frances e Robert assinam finalmente os papéis de divórcio e assumem uma nova rotina. Assim como é imagem de marca de «Divorce», a série não tem medo de abraçar as partes mais aborrecidas do quotidiano, pelo que até as burocracias são visitadas. Contudo, o lado menos glamoroso da vida é equilibrado com momentos mais cómicos, e nem sempre logo à superfície. A série usa os truques da ficção para recolocar o espectador como testemunha principal dos segredos das personagens, sendo que o facto de saber o que se segue funciona como uma 'ameaça dupla': deixa o espectador numa falsa posição de vantagem – mesmo sabendo aparentemente mais, não espaca a eventuais surpresas – e tem um efeito cómico inevitável. E as revelações chocantes são frequentes na segunda temporada.
Diane (Molly Shannon) e Dallas (Talia Balsam) voltam a roubar as atenções sempre que surgem no ecrã, confirmando-se como as estrelas de uma série onde não são protagonistas. Deste modo, quando o drama se intensifica, uma das soluções mais frequentes é recorrer a uma delas e ao riso natural que provocam para evitar chegar ao excesso dramático. Também Tom (Charlie Kilgore) e Lila (Sterling Jerins) ganham mais espaço para 'respirar', com grande parte das atenções (e problemas) a incidirem sobre os filhos de Frances e Robert – ou a terem origem neles. Tal como na vida real, os filhos são atores fundamentais no divórcio dos pais e «Divorce» encara isso, e vai mais além, não virando a cara ao lado menos bonito dos relacionamentos.
Becki Newton e Steven Pasquale são as principais adições ao elenco neste regresso, sendo inseridos em círculos diferentes da narrativa que, inevitavelmente, acabam por se cruzar. Mais uma vez, «Divorce» troça das expetativas do seu público, pelo que nem sempre é fácil perceber para onde caminha a série criada por Sharon Horgan. Sem grande alarido, e com o discurso a ser super valorizado, a série aposta na humanização das suas personagens e, sobretudo, em torná-las mais próximas e acessíveis ao espectador. Além disso, trata um tema 'querido' dos espectadores, o divórcio, bem como os dramas relacionados com ter filhos adolescentes e a luta por recomeçar a vida – ou evitar que ela descambe. Será que vão ser bem-sucedidas?
Apesar de os Globos de Ouro serem conhecidos pelas surpresas nas categorias de TV, este domingo confirmaram apenas as escolhas que os Emmys já tinham feito em setembro. Na primeira cerimónia hiper-mediatizada desde que rebentou o caso Harvey Weinstein, Seth Meyers agarrou o 'elefante na sala' pela tromba e disparou contra personalidades concretas sem qualquer travão. Hollywood fez das próprias feridas espetáculo e, no meio de campanhas como #MeToo e #TimesUp, resta saber se haverá respostas efetivas ou se tudo não passa de uma falsa redenção.
A antecipação dos Globos de Ouro, a primeira grande cerimónia de 2018, pouco ou nada teve a ver com prémios. A curiosidade residia, sobretudo, em saber como Hollywood ia reagir à polémica intensa dos últimos meses, com diversas denúncias públicas de assédio sexual. Depois dos vários dedos apontados ao produtor Harvey Weinstein e da queda de estrelas como Kevin Spacey e Louis CK, a indústria colocou-os ao lado de Donald Trump na lista de alvos incontestáveis. No entanto, assim como acontece com o Presidente dos Estados Unidos, tudo o que é em demasia acaba por ter o efeito oposto e, a certa altura, as 'bocas' de Seth Meyers para Kevin Spacey no monólogo de abertura eram recebidas com espanto (pela intensidade) e praticamente sem gargalhadas. O mesmo aconteceu com Woody Allen que, apesar de estar também no centro das críticas, e das denúncias que recaem sobre si há pelo menos 25 anos, não teve uma resposta efusiva do público. Diferente sorte para Oprah Winfrey, muito aplaudida e de pé, e Natalie Portman, autora da brilhante frase: "Aqui estão todos os homens nomeados", na categoria de Melhor Realizador.
A hipocrisia é demais evidente. Hollywood sempre soube de casos polémicos no seu seio, sendo que a tendência vigente foi evitar que os mesmos gerassem uma reação mediática. Funcionários assediados foram incentivados por superiores a não avançar com queixas, outros compactuaram com os agressores - criando um falso ambiente seguro às vítimas, veja-se o caso de Weinstein - e figuras reconhecidas do cinema terão mesmo travado a publicação de notícias acusatórias. As celebridades têm dito basta e, no domingo, a larga maioria vestiu a cor desta causa: o preto e as mulheres formaram duplas, cortando com o típico esquema de acompanhamento destas cerimónias, e chamaram à ribalta ativistas e outras vozes ativas na defesa da denúncia e culpabilização dos assediadores.
Os media, genericamente, alinharam, mas a hipocrisia também se estendia a eles. Debra Messing não fez por menos e, numa entrevista ao E!, apontou responsabilidades ao canal pela diferença brutal de salários entre profissionais homens e mulheres, recordando o caso de Catt Sadler. Ironicamente, pouco tempo depois deste show-off, veio a saber-se que Mark Wahlberg recebeu 1,5 milhões de dólares para regravar cenas de «Todo o Dinheiro do Mundo» (2017), enquanto a protagonista Michelle Williams recebeu menos de mil - não sabia do acordo do colega e, para piorar, ambos são representados pela mesma agência. Quando as câmaras estão desligadas, a história é outra certo?
O consenso entre os Emmys de setembro e os Globos de Ouro de domingo tem, à partida, uma explicação bastante simples: os Globos gostam tendencialmente de séries novas, e estreias como «The Handmaid's Tale» e «Big Littles Lies» já tinham brilhado em 2017. A grande diferença reside no tratamento de «Veep», já que Julia Louis-Dreyfus segue imbatível nos Emmys, vencendo ano após ano, mas a sua ausência dos nomeados – quebrando uma bem-sucedida sucessão de nomeações – , levou a que o choque fosse sendo apaziguado ao longo das semanas que separaram as nomeações dos resultados. Por sua vez, o destaque de atores como Sterling K. Brown e Aziz Ansari vem redimir a Academia que nunca os tinha premiado. Outra diferença teve a ver com o facto de séries indicadas em setembro nos Emmys não terem conteúdos novos lançados no período abrangido pelos Globosde Ouro (e de já terem tido o seu momento ao sol nos Globos de 2017).
As grandes vencedoras da noite, sem surpresas e na linha do que já tínhamos visto, foram «The Handmaid's Tale» e «Big Little Lies», que voltaram a 'limpar' as principais categorias de Drama e Minissérie. Além do Globo de Melhor Série Dramática, «The Handmaid«s Tale» viu a sua protagonista Elisabeth Moss ser premiada como Melhor Atriz em Série Dramática. Como os Globos, que têm menos categorias para TV, unem as intérpretes secundárias numa só categoria, ignorando género ou duração, Laura Dern (Melhor Secundária em Minissérie nos Emmys) e Ann Dowd (Melhor Atriz Secundária em Drama) confrontaram-se num concorrido tira-teimas e a primeira levou a melhor. «Big Little Lies»reafirmou ainda o lugar de Melhor Minissérie de 2017, bem como a coroação de Nicole Kidman como Melhor Atriz e Alexander Skarsgård como Melhor Secundário (desta feita, tal como Laura Dern, numa categoria mais abrangente). Mais uma vez, «Stranger Things» e «Feud» a ver navios.
Ainda em Drama, Sterling K. Brown quebrou a malapata e conseguiu um 2 em 1: terminou um discurso de vitória sem ser interrompido e venceu o primeiro Globo, por «This is Us», a juntar aos dois Emmys que já tem em casa. Já Ewan McGregor, que em setembro foi batido por Riz Ahmed – nomeado ao Globo em 2017 –, foi eleito o Melhor Ator em Minissérie ou TV Movie e protagonizou um dos momentos mais caricatos da cerimónia. O ator, que terá traído a mulher com a colega Mary Elizabeth Winstead – que é apontada como a sua nova namorada –, agradeceu a ambas e lançou um coro de estupefação nas redes sociais. À terceira nomeação aos Globos, o ator escocês conseguiu mesmo levar a melhor, desta feita pelo regresso ao pequeno ecrã em «Fargo», onde deu corpo a dois irmãos gémeos bastante problemáticos. Para quem gosta de gossip, outro dos momentos altos foi a subida ao palco de Jennifer Aniston para anunciar um prémio, e que contou com Angelina Jolie à sua frente e mais preocupada em comer, segundo mostram algumas fotos. No passado, o ator Brad Pitt, entretanto novamente separado, trocou a primeira pela segunda.
Em comédia, Aziz Ansari aproveitou a ausência de Donald Glover para a premiação merecida por «Master of None» e Rachel Brosnahan confirmou o favoritismo, vencendo pela também Melhor Série de Comédia «The Marvelous Mrs. Maisel». Por seu lado, «Black-ish» teima em ser o patinho feio desta história: Tracee Ellis Ross até tinha vencido em 2017, mas desta vez nem foi nomeada, e Anthony Anderson alcançou a primeira indicação e saiu de mãos vazias. Entre outros 'derrotados', ainda que noutras categorias, estão os regressos de «Will & Grace» e «Twin Peaks», e ainda «The Crown» e «A Guerra dos Tronos»; a segunda apenas nomeada como Melhor Série Dramática. Seth Meyers ficou igualmente mal na fotografia, já que depois do polémico arranque raramente lhe voltámos a pôr a vista em cima. (Ah, e Tommy Wiseau, que tinha o discurso preparado mas foi travado por James Franco, entretanto também acusado de assédio por mulheres do seu passado...).
Participações especiais:
Como leigo que sou em relação ao cinema, fiquei bastante contente com a vitória de James Franco, sendo que o resto dos prémios me passou um pouco ao lado. Na TV, Aziz levou mais um prémio merecido, com Big Little Lies e Handmaid’s Tale a voltarem a ser os grandes vencedores. A desilusão da noite foi mesmo Seth Meyers, com um monólogo sofrível e que se eclipsou totalmente no decorrer da noite.
Diogo Gonçalves
Times Up foi com certeza o foco da cerimónia onde os presentes deram tudo para suportar a causa. A vitória de Gary Oldman foi o meu maior orgulho no mundo do cinema. Nas séries, sem surpresas, Handmaid’s Tale e Big Little Lies arrebataram a maioria dos prémios. E o Aziz Ansari ganhou um Globo de Ouro, finalmente! E já agora vejam os vídeos do elevador da Instyle Magazine, são espetaculares!
Juliana Melo
Elizabeth Moss e The Handmaids Tale mereceram tudo (sorry GOT, já estava mais que na altura!). Ótimo saber que o Aziz também saiu vencedor, e a Saiorse. Destaque para algum reconhecimento ao Alexander Skarsgård, já era tempo.
Daniela Boino
E se os Golden Globes voltassem a fazer magia? Deixei de ver as entregas de prémios por se terem tornado demasiado aborrecidas para mim. Tornou-se demasiado cansativo. Será que este ano, com o movimento criado iremos ter alguma mudança? Para o ano volto a ver na esperança que sim, conseguimos mudar
Cath Duarte
Foi o tema da noite e dissecado ao pormenor. Praticamente todas as mulheres presentes nos Globos de Ouro foram de preto, num movimento simbólico de apoio ao movimento Time’s Up e às vítimas de assédio sexual. Caiu, naturalmente, o Carmo e a Trindade. Porque antes nunca se queixaram e foram alegremente à cerimónia, porque há uma espécie de “caça às bruxas” em Hollywood, porque os prémios foram políticos, porque vivem numa bolha e não têm direito de se queixar. Não importa se hoje falam, porque antes se calaram. Não importa se há provas e se os números de assédio e violações são assustadores em todo o mundo – não só em Hollywood –, porque se são atrizes é óbvio que “subiram na horizontal e agora querem ter mais protagonismo” (como lido frequentemente nas redes sociais e no ouvido no café mais próximo). Não importa se The Handmaid’s Tale, Big Little Lies e Three Billboards Outside Ebbing Missouri são produções fantásticas, porque claro que só ganharam os Globos de Ouro porque quiserem premiar gajas. E, claro está, não importa usar o termo “caça às bruxas” para descrever as queixas contra assédios sexuais, porque não há mal nenhum em usar um momento na História que os investigadores chamam de “gendercidal” (homicídios em larga escala focados num únicos género) e que resultou em dezenas de milhares de mortos para criticar quem tem a coragem de falar (e aproveitar o raro momento de empatia pública). Presas por ter cão, presas por não ter. Criticadas por falar do tema, criticadas por terem ficado caladas. Gozadas por irem de negro, gozadas por irem de vermelho. O habitual, portanto. Na noite de Globos de Ouro, a violência de género entrou pela passadeira vermelha e remeteu para segundo plano os prémios, vencedores e derrotados. Chamaram o movimento de fogo-de-vistas, de purpurinas, de exagero. Pelos vistos, ainda não existiram purpurinas suficientes…
Olá caros leitores, o meu nome é Catarina Duarte, também conhecida como Diana Prince no It’s A Magical Place. Juntamente com dois outros super-geeks partilhamos de tudo um pouco nesse nosso sítio.
Hoje, escrevo-vos sobre uma série que adoro e que todos deviam de dar uma olhadela, Grace and Frankie. Preparados?
A premissa:
Tanto Grace como Frankie são casadas com advogados, com dois filhos cada e já na terceira idade. Os respectivos maridos têm um caso um com o outro e decidem, finalmente, pôr um fim à relação com as mulheres para que possam viver juntos, livres e felizes.
Trailer da série:
As personagens, Grace e Frankie:
O oposto, é esta a palavra que as define. Grace (Jane Fonda) anda sempre muito bem arranjada, adora festas, tem uma linha de produtos de beleza e criou duas filhas que não podiam ser mais diferentes uma da outra. Frankie (Lily Tomlin) é uma hippie, é uma consumidora de drogas leves, adotou dois filhos e leva uma vida focada em trabalhar os sentimentos.
A primeira temporada:
Para além da grande novidade que faz arrancar o primeiro episódio, a série foca-se em alguns pontos importantes. Obviamente que o primeiro é o choque de ambas as mulheres ao perceberem que em 40 anos de casamento, metade deles foram uma mentira.
Outro ponto relevante é a junção destas personagens que são tão distintas, mas que no fundo têm bastante em comum, como a dor que as apanhou de surpresa.
Grace and Frankie desafia as típicas séries de hoje em dia e, é por isso, que acaba por ter uma fórmula inovadora e que prendeu tanta gente aos ecrãs da Netflix. Afinal de contas há audiências para séries sobre casais da terceira idade!
Os temas que vão sendo tratados ao longo das temporadas variam, vão desde a homossexualidade, a solidão da idade, voltar a ter uma vida depois de 40 anos de outra, a sexualidade, as relações com os filhos e muito mais. Não há tabus, não há vergonhas, e é esta uma das razões pela qual é gosto tanto desta série.
A série conta ainda com outros talentosos atores como Martin Sheen (Robert Hanson, ex-marido de Grace), Sam Waterston (Sol Bergstein, ex-marido de Frankie), June Diane Raphael (Brianna Hanson, a filha mais velha de Grace e Robert), Brooklyn Decker (Mallory Hanson, filha mais nova de Grace e Robert), Baron Vaughn e Ethan Embry (como Nwabudike "Bud" Bergstein e Coyote Bergstein, os filhos adotados de Frankie e Sol).
Preparem-se para rir bastante, para pensar um pouco e para alguns momentos mais dramáticos. Ah! E para quem só vai começar a ver agora preparem-se também para essa maratona porque a quarta temporada estreia dia 19 de Janeiro.
Não, ainda não está tudo a pensar (só) nos Óscares. Os Globos de Ouro misturam categorias de cinema e televisão, e estão sempre abertos a surpresas no que diz respeito ao pequeno ecrã. Será que «The Handmaid's Tale» e «Big Little Lies», que saíram na linha da frente após os Emmys, vão confirmar a sua hegemonia em 2017? Ou, pelo contrário, vai ser noite de vingança para aqueles que saíram de mãos a abanar? Fiquem com a lista de nomeados – e (im)previsíveis vencedores – abaixo.
Melhor Ator – Drama
Bob Odenkirk (Better Call Saul)
Freddie Highmore (The Good Doctor)
Jason Bateman (Ozark)
Liev Schreiber (Ray Donovan)
Sterling K. Brown (This is Us)
Quem vai ganhar: Sterling K. Brown
Possível surpresa: Freddie Highmore
Quem devia ganhar: Bob Odenkirk
Melhor Atriz – Drama
Caitriona Balfe (Outlander)
Claire Foy (The Crown)
Elisabeth Moss (The Handmaid's Tale)
Katherine Langford (13 Reasons Why)
Maggie Gyllenhaal (The Deuce)
Quem vai ganhar: Elisabeth Moss
Possível surpresa: Katherine Langford
Quem devia ganhar: Elisabeth Moss
Melhor Ator – Comédia ou Musical
Anthony Anderson (Black-ish)
Aziz Ansari (Master of None)
Eric McCormack (Will & Grace)
Kevin Bacon (I Love Dick)
William H. Macy (Shameless)
Quem vai ganhar: Eric McCormack
Possível surpresa: Kevin Bacon
Quem devia ganhar: Anthony Anderson
Melhor Atriz – Comédia ou Musical
Alison Brie (GLOW)
Frankie Shaw (SMILF)
Issa Rae (Insecure)
Pamela Adlon (Better Things)
Rachel Brosnahan (The Marvelous Mrs. Maisel)
Quem vai ganhar: Rachel Brosnahan
Possível surpresa: Alison Brie
Quem devia ganhar: Rachel Brosnahan
Melhor Ator – Série Limitada ou TV Movie
Ewan McGregor (Fargo)
Geoffrey Rush (Genius)
Jude Law (The Young Pope)
Kyle MacLachlan (Twin Peaks)
Robert De Niro (The Wizard of Lies)
Quem vai ganhar: Ewan McGregor
Possível surpresa: Robert De Niro
Quem devia ganhar: Ewan McGregor
Melhor Atriz – Série Limitada ou TV Movie
Jessica Biel (The Sinner)
Jessica Lange (Feud)
Nicole Kidman (Big Little Lies)
Reese Witherspoon (Big Little Lies)
Susan Sarandon (Feud)
Quem vai ganhar: Nicole Kidman
Possível surpresa: Jessica Biel
Quem devia ganhar: Nicole Kidman
Melhor Ator Secundário – Série, Série Limitada ou TV Movie
Alexander Skarsgård (Big Little Lies)
Alfred Molina (Feud)
Christian Slater (Mr. Robot)
David Harbour (Stranger Things)
David Thewlis (Fargo)
Quem vai ganhar: Alexander Skarsgård
Possível surpresa: David Harbour
Quem devia ganhar: David Thewlis
Melhor Atriz Secundária – Série, Série Limitada ou TV Movie
Ann Dowd (The Handmaid's Tale)
Chrissy Metz (This is Us)
Laura Dern (Big Little Lies)
Michelle Pfeiffer (The Wizard of Lies)
Shailene Woodley (Big Little Lies)
Quem vai ganhar: Laura Dern
Possível surpresa: Chrissy Metz
Quem devia ganhar: Ann Dowd
Melhor Série – Drama
Game of Thrones
Stranger Things
The Crown
The Handmaid's Tale
This is Us
Quem vai ganhar: The Handmaid's Tale
Possível surpresa: The Crown/Game of Thrones
Quem devia ganhar: The Handmaid's Tale
Melhor Série – Musical ou Comédia
Black-ish
Master of None
SMILF
The Marvelous Mrs. Maisel
Will & Grace
Qual vai ganhar: The Marvelous Mrs. Maisel
Possível surpresa: Will & Grace
Qual devia ganhar: The Marvelous Mrs. Maisel
Melhor Série Limitada ou TV Movie
Big Little Lies
Fargo
Feud
Top of The Lake
The Sinner
Qual vai ganhar: Big Little Lies
Possível surpresa: Feud
Qual devia ganhar: Big Little Lies
A cerimónia será apresentada por Seth Meyers, que já admitiu, em entrevistas, que os escândalos sexuais noticiados ao longo dos últimos meses vão ser o 'elefante na sala'. Os Globos de Ouro são emitidos, em Portugal, pela SIC Caras a partir da meia-noite.
Há algo de muito macabro em "Black Museum", o episódio que fecha a quarta temporada de «Black Mirror» e que une pontas que nem sequer tínhamos dado conta que estavam soltas. Tal como acontece em "White Christmas", o episódio vive da dependência saudável de micro-histórias que, qual truque de magia revelado depois de nos ter enganado, se desmancham como ilusões de um mesmo puzzle. Enquanto a generalidade dos fãs desespera por novidades, e se queixa da reciclagem tecnológica das 'novas' narrativas, Charlie Brooker deixa bem vincado que ainda não fechou as 'velhas'. Calma, o jogo não muda - está só (ainda) mais complexo.
A ligação de «Black Mirror» com o mundo do crime, e sobretudo com a crueldade humana, é perigosamente próxima. Ao longo de quatro temporadas, fomos convidados e testemunhas de crimes brutais e atitudes reveladoras do pior que o ser humano tem para oferecer, mas, em "Black Museum", essa atitude voyeurista é tomada como literal e inerente ao argumento. E até a organização da narrativa é cruel: seguimos à mercê das personagens e das suas decisões, nomeadamente de discurso, que nos levam aqui e ali, consoante lhes apetece - ou são levadas no jogo de perguntas e respostas.
Mais do que uma visita guiada a um museu de artefactos relacionados com tortura, morte e sofrimento, "Black Museum" é um passeio pela nossa mente e pela forma como, manipulados pela ficção, reagimos às novas informações que vão surgindo no ecrã. Mas também as personagens são manipuladas pelo argumentista e realizador, certo? Já parece Inception, ainda que a premissa seja bem menos complexa (à partida): Nish (Latita Wright) deixa o carro a recarregar e, com cerca de três horas para gastar, acaba por dirigir-se a um grande armazém nas imediações, denominado "Rolo Haynes' Black Museum". Ali, tal como o nome poderia levar a suspeitar, encontra-se muito do passado de «Black Mirror».
(O texto que se segue contém SPOILERS do episódio Black Museum)
Criticado por uns e elogiado por outros, "Black Museum" concentra em si tópicos que ilustram a grande discussão que se tem gerado em torno da quarta temporada de «Black Mirror». Por um lado, dá consistência às diferentes narrativas que se têm multiplicado na série da Netflix, frisando que não se tratam de abordagens soltas da tecnologia e da humanidade, mas antes de vários acontecimento presentes no mesmo mundo(em tempos diferentes). O facto de "Black Museum" ter tantos artefactos presentes em episódios do passado da série - que vamos enumerar no final - estabelece-o como um dos episódios mais distantes no futuro, já que engloba objetos de outros e os coloca no seu passado. Por outro lado, repete várias tecnologias já utilizadas e até o próprio desenvolvimento e conclusão da narrativa se baseiam numa fórmula bem conhecida.
Tudo começa com a ida de Nish (Latita Wright) ao "Rolo Haynes' Black Museum". Com uma aparência de espaço abandonado, somos levados rumo ao desconhecido com Nish (ou por Nish), movida aparentemente pelo mesmo que nós: curiosidade. O dono do espaço, Rolo Haynes (Douglas Hodge), assume uma estranha postura de superioridade, que destoa perante aquele museu que claramente fracassou. Desde que atravessamos a porta que parecemos embarcar num "Regresso ao Futuro" bem sangrento: o "Black Museum" está repleto de rostos e objetos que conhecemos bem demais, e que parecem agora elevados ao estatuto de obra-prima ou de interesse particular.
Pela primeira vez, a maldade proveniente da tecnologia, e que a promove, tem um rosto. Se até aqui sempre a víamos como algo disforme, sem responsabilidade direta mas sim um instrumento das atitudes humanas, em "Black Museum" parte da culpa recai diretamente sobre Rolo. Assim como vimos em "White Christmas", a personagem vai contando momentos do seu passado que, apesar da naturalidade e frieza com que os recria, o pintam como o vilão da sua própria história. Com o entusiasmo típico de quem gosta de História, por mais obscura que possa ser, somos confrontados pela likeability do personagem e, ao mesmo tempo, pela violência dos seus atos. E percebemos como a sua faceta extrovertida o ajudou a ser bem-sucedido no passado.
Primeiro com uma incursão narrativa inspirada por Pain Addict, de Penn Jillette, e depois com uma transferência da consciência humana para objetos inanimados, "Black Museum" levanta questões éticas muito importantes. Já sabemos que é frequente ver a individualidade ser 'engolida' pelo coletivo, mas aqui a discussão prende-se sobretudo com a incapacidade de escolha de quem não tem controlo sobre a tecnologia: os doentes que passam as suas sensações físicas a Dawson (Daniel Lapaine) e Carrie (Alexandra Roach), a mulher de Jack (Aldis Hodge), que cede a sua autonomia na ilusão de que a pode ganhar e fintar a morte. Com a promessa de que a tecnologia vai beneficiar o indivíduo, ele acaba, em vez disso, por ser anulado por ela - atribuindo poder aos outros; mais uma vez, a vilania está no ser humano e, especificamente, em Rolo.
Há dois desconfortos simultâneos em tela que fortalecem o do espectador: Rolo dá por si a suar imenso, com um discurso cada vez mais atabalhoado, e Nish parece cada vez mais incomodada com aquilo que ouve. A relação, outrora meramente de circunstância e que evoluiu com o desenvolvimento da ação, vai ganhando os contornos de uma vingança anunciada: que se confirma quando chegamos à última porta. A atração principal do museu é a memória virtual de um condenado à morte, que vendeu a Rolo a sua cópia remanescente, com a promessa de que este iria ajudar a respeitva família. Apesar de digital, Clayton (Babs Olusanmokun) sente como um humano e está totalmente destruído depois de várias passagens pela cadeira elétrica. Por um preço, e antes de o espaço cair em desgraça, qualquer visitante o podia 'matar'. Seria, afinal, inocente? Ninguém quer realmente saber. A não ser a filha, Nish, e a mãe (Amanda Warren), que está instalada na sua cabeça e vê através dos seus olhos, tal como Carrie.
A tecnologia recebe o castigo possível, mas, assim como acontecia em "White Bear", as atitudes reprováveis de Rolo Haynes recebem um castigo, no mínimo, questionável. Qual o limite? O crime é justificado se for o resultado de um outro? Podemos falar em corrupção tecnológica? As perguntas não param em «Black Mirror», mas desta vez temos algumas respostas. Apesar de "Black Museum" ressoar memórias antigas da própria série, a verdade é que o argumento não pode ser resumido, tal como o museu, aos artefactos que possui: é muito mais complexo. Como tudo em «Black Mirror».
Eastereggs presentes em "Black Museum":
- Mal entramos no espaço, vemos um rosto familiar num dos ecrãs, Victoria Skillane (Lenora Crichlow), de "White Bear". As headlines ao lado, "Double Suicide" e "Cloning without Consent", correspondem, respetivamente, à primeira história de "White Christmas" e a "USS Callister".
- Aparece uma abelha robótica do episódio "Hated in the Nation".
- O tablet destruído em "Arkangel", depois de Sara (Brenna Harding) atacar violentamente a mãe (Rosemarie DeWitt) com ele.
- A banheira de "Crocodile", onde Anan (Anthony Welsh) se encontrava quando foi assassinado por Mia (Andrea Riseborough).
- Em pano de fundo, surge um homem/boneco enforcado, numa referência a Carlton Bloom, que se suicidou no episódio piloto "The National Anthem", após ter raptado e libertado a princesa.
- A máscara usada por quem perseguia Victoria em "White Bear", bem como o casaco vermelho e a arma.
- O chupa-chupa do filho de Walton (Jimmi Simpson), de "USS Callister", que Robert Daly (Jesse Plemons) usa para o clonar e colocar na sua "Space Fleet".
- Noutro local, também na parte detrás, podem ver-se os 'ovos' que continham cookies em "White Christmas".
- Rolo Haynes trabalhou no Hospital St. Juniper's, onde decorre a ação da sua primeira história. Uma referência clara ao episódio "San Junipero", que volta a ser recordado com a menção das pessoas importadas para acloud. Também nessa história, os ratos testados chamam-se Kenny e Hector, como as personagens de "Shut Up and Dance".
- Jack surge a ler uma comic chamada "15 Million Merits", tal como o segundo episódio de «Black Mirror». O seu interior ilustra um dos momentos do episódio.